Reinventando o cotidiano
No conforto do meu quarto, uma cama Queen é ocupada apenas por mim, sentado. Um pijama quadriculado, um cobre leito cinza atravessado por um enfeite tecido em linha multicolorido, uma blusa de lã verde jogada sobre a mesma. Quatro travesseiros. Uma cômoda estreita com objetos variados, dentre eles três porta retratos que capturam momentos do casal e sua família. Um espelho calado, os computadores sem vida. Na sala, uma TV estridente transmite a novela. Não tenho vontade de assistir a essa melodramática e imensamente cruel trama.
Continuo no quarto, escrevendo no meu celular. Penso na minha esposa a estudar em outro bairro da cidade. Ela gosta da novela, eu sempre digo que é ruim. Às vezes assisto com ela. Deito de bruços, mantendo a escrita em uma posição mais confortável. O quarto tem outros elementos que deixo à imaginação do leitor recriar. Nesse momento, me concentro na escrita.
O quarto agora não é somente um cômodo, é um refúgio que me permite desenvolver meu pensamento. Os objetos que me circundam não me perturbam. Fecho a porta, o som que vem da sala torna-se tênue. A sensação de paz produzida por estar longe do círculo vicioso em que vivia aumenta.
Das nuvens da rotina surge o céu azul do inesperado - aquele que só enxerga a mente consciente.
Cinco dias se passaram, estive absorto no quotidiano monótono de dias vivendo no piloto automático. De repente, um problema me impediu de manter essa enfadonha rotina. A conexão do computador com a internet caiu; desconectado, sou impelido a olhar ao redor. Vejo ela se preparando para caminhar, me apronto e saímos juntos, andando até a praça.
Os ipês-rosas estavam floridos, algumas flores caídas decoravam o chão como tapetes rosados. Pessoas andavam, outras corriam. O clima era ameno, sem ser frio. Um leve vento sacudia os tapetes, que pareciam ter vida.
No retorno, me envolvi a teclar no meu notebook. Tenho um monitor de 24" acoplado ao mesmo, o que me ajuda a enxergar melhor do que no pequeno monitor integrado. Uso Linux, o que me remete à rebeldia do mestrado, quando este sistema era uma arma de resistência contra o monopólio do Windows - instalar um Linux era como plantar uma árvore em terreno árido. É prazeroso poder escolher esse sistema hoje muito mais simples de instalar, fico feliz com as vantagens do mesmo, sua rapidez, a falta de anúncios a pipocar na tela. Sobretudo, a opção preferencial pelo software gratuito e não proprietário.
Sentado em frente ao computador, abri uma gaveta. Me deparando com vários itens entulhando a mesma. Dediquei um tempo a organizá-la, colocando muitos papéis inúteis no lixo. Costumo fazer essa mesma faxina com frequência nos arquivos do computador. Devemos tratar também assim a nossa mente, deixando de ocupá-la como as gavetas, mantendo o foco em atividades úteis, como um telefonema para a mãe, ao invés de horas rolando telas.
Hoje é fácil passar horas rolando telas, jogando videogame, enfim, toda a sorte de entretenimento. Do mesmo modo, podemos perder tempo "jogando conversa fora" em mesas de bar ou em reuniões vazias. É certo que se deve curtir esses momentos, podemos vivê-los, o segredo é evitar que os mesmos sejam o que ocupa as nossas gavetas. Um passeio a dois, observando e dialogando sobre a vida ou em um momento com um café. Aquele preparado com ciência. Onde se extrai do pó a sua essência. Aquecendo a água, visualizando nas bolhas a temperatura ideal, derramada, em seguida, sob o coador em despejos controlados. Enfim, saborear o delicioso aroma e sabor dessa bebida, que, um dia, já detestei.
Continuo no quarto, escrevendo no meu celular. Penso na minha esposa a estudar em outro bairro da cidade. Ela gosta da novela, eu sempre digo que é ruim. Às vezes assisto com ela. Deito de bruços, mantendo a escrita em uma posição mais confortável. O quarto tem outros elementos que deixo à imaginação do leitor recriar. Nesse momento, me concentro na escrita.
O quarto agora não é somente um cômodo, é um refúgio que me permite desenvolver meu pensamento. Os objetos que me circundam não me perturbam. Fecho a porta, o som que vem da sala torna-se tênue. A sensação de paz produzida por estar longe do círculo vicioso em que vivia aumenta.
Das nuvens da rotina surge o céu azul do inesperado - aquele que só enxerga a mente consciente.
Cinco dias se passaram, estive absorto no quotidiano monótono de dias vivendo no piloto automático. De repente, um problema me impediu de manter essa enfadonha rotina. A conexão do computador com a internet caiu; desconectado, sou impelido a olhar ao redor. Vejo ela se preparando para caminhar, me apronto e saímos juntos, andando até a praça.
Os ipês-rosas estavam floridos, algumas flores caídas decoravam o chão como tapetes rosados. Pessoas andavam, outras corriam. O clima era ameno, sem ser frio. Um leve vento sacudia os tapetes, que pareciam ter vida.
No retorno, me envolvi a teclar no meu notebook. Tenho um monitor de 24" acoplado ao mesmo, o que me ajuda a enxergar melhor do que no pequeno monitor integrado. Uso Linux, o que me remete à rebeldia do mestrado, quando este sistema era uma arma de resistência contra o monopólio do Windows - instalar um Linux era como plantar uma árvore em terreno árido. É prazeroso poder escolher esse sistema hoje muito mais simples de instalar, fico feliz com as vantagens do mesmo, sua rapidez, a falta de anúncios a pipocar na tela. Sobretudo, a opção preferencial pelo software gratuito e não proprietário.
Sentado em frente ao computador, abri uma gaveta. Me deparando com vários itens entulhando a mesma. Dediquei um tempo a organizá-la, colocando muitos papéis inúteis no lixo. Costumo fazer essa mesma faxina com frequência nos arquivos do computador. Devemos tratar também assim a nossa mente, deixando de ocupá-la como as gavetas, mantendo o foco em atividades úteis, como um telefonema para a mãe, ao invés de horas rolando telas.
Hoje é fácil passar horas rolando telas, jogando videogame, enfim, toda a sorte de entretenimento. Do mesmo modo, podemos perder tempo "jogando conversa fora" em mesas de bar ou em reuniões vazias. É certo que se deve curtir esses momentos, podemos vivê-los, o segredo é evitar que os mesmos sejam o que ocupa as nossas gavetas. Um passeio a dois, observando e dialogando sobre a vida ou em um momento com um café. Aquele preparado com ciência. Onde se extrai do pó a sua essência. Aquecendo a água, visualizando nas bolhas a temperatura ideal, derramada, em seguida, sob o coador em despejos controlados. Enfim, saborear o delicioso aroma e sabor dessa bebida, que, um dia, já detestei.

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